quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Biblia do Diabo


Uma maldição, durante 800 anos, cercou um dos livros mais famosos da Idade Média. Objeto de desejo de líderes religiosos e imperadores, por onde passou, o livro foi acusado de causar destruição, guerras e epidemias. Mas agora a ciência decidiu por fim ao mistério e investigar a obra que ficou conhecida como a “Bíblia do Diabo”.  Nunca uma ilustração havia despertado tanto fascínio e terror. O diabo estampado numa pagina inteira do livro que bota, lado a lado, a Bíblia, rituais satânicos e um manual de exorcismo.  Quase um metro de comprimento e 80 quilos. "Codex Gigas" em latim quer dizer o "Grande livro", mas a obra entrou pra história como a "Bíblia do Diabo". Quem escreveu este livro? E por quê?  


A lenda começa no século XIII, na Boêmia, onde hoje é a República Tcheca. Em um mosteiro beneditino, um monge comete um pecado tão grande que é condenado a uma morte cruel: tijolo por tijolo, será emparedado vivo. Desesperado, ele implora por perdão e promete: em apenas uma noite, vai escrever um livro com todo o conhecimento humano.  Mas, à meia-noite ele percebe que não vai conseguir e então invoca o diabo e entrega sua alma. Em troca, o próprio satanás escreve a obra. 
Na Idade Média, o temor ao diabo era tão forte quanto a adoração a Deus e lendas macabras como essa se espalhavam facilmente. Depois de 800 anos, um time de cientistas decide desvendar os mistérios por trás do Codex Gigas: será que o livro foi mesmo escrito por apenas uma pessoa? Em quanto tempo? Que sombras estranhas são essas que só aparecem nas páginas próximas à ilustração do diabo? 



No Século XIV, o monastério, onde a “Bíblia do Diabo” foi escrita vendeu a obra para escapar da falência. Ela foi parar na cidade de Sedlec, perto de Praga, a capital tcheca. Na Idade Média, esse tipo de objeto era muito disputado pelas ordens religiosas. Elas buscavam prestigio e fama e, junto, as doações em dinheiro. Não que o monastério precisasse, ele já faturava muito vendendo uma passagem mais rápida para o céu para quem fosse enterrado no cemitério da ordem.  O cemitério teria terra do monte Gólgota, em Jerusalém - onde Jesus foi crucificado - e de tempos em tempos, os ossos eram recolhidos para abrir espaço e viravam decoração na capela. O candelabro, o altar, o ofertório: tudo feito com esqueletos humanos.  A relação com o lugar só fez aumentar a reputação da “Bíblia do Diabo”. Principalmente, depois que ela foi levada embora. Uma epidemia de peste bubônica dizimou todos os monges do monastério.  Logo depois, a “Bíblia do Diabo” chega às mãos de Rodolfo II, um dos imperadores mais poderosos da Europa. Em poucos anos, ele acaba completamente louco e é destituído do trono.  O exército sueco invade a região e a obra vai parar em Estocolmo. É lá que os especialistas agora analisam o primeiro mistério. As sombras que só aparecem nas páginas próximas à figura do diabo, durante séculos, serviram como prova do fogo de Satanás nas escrituras. 


Especialistas compararam a tinta, comparam as letras e o padrão de escrita e concluem: uma só pessoa escreveu todo o livro. Mas, em quanto tempo? Para reproduzir uma linha, o especialista leva 20 segundos, uma hora por pagina. Trabalhando sem parar, seriam necessários cinco anos para escrever o livro. 


VOCÊ ACREDITA NO DIABO?



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